segunda-feira, 7 de maio de 2012

A olhar para o macaco preto

É surpreendente esta justificação que, por vezes, me dão para não atender um telemóvel. "Só atendo os números identificados ou de pessoas que conheço". Quando apenas dispunham daqueles telefones antigos, sem visor, o que faziam? Permaneciam especados a olhar para o "macaco preto", a roer-se na angústia de tentar adivinhar quem poderia ser o responsável pelo desassossego?

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A barbárie em carrinho de compras

As imagens de gente a acotovelar-se para aproveitar os descontos feitos pela cadeia de supermercados Pingo Doce, no dia 1 de Maio, dia do trabalhador, são das coisas mais deprimentes que nos foram dadas a ver, em tempos recentes. Mais que isso, elas acordam-nos para o país que somos. De uma assentada, destruiu-se parte significativa do significado simbólico do dia do trabalhador; mostrou-se a acefalia e alienação colectivas pelo consumo de massas; a falta de civismo das hordas e, no fundo, constituiu uma revelação para muita gente, dúvidas houvessem, sobre essa entidade mítica que é "o povo". Como muitos já notaram, eram imagens mais próprias de um país de terceiro mundo do que de uma nação integrada, há um quarto de século, na União Europeia.