tag:blogger.com,1999:blog-139363002024-03-20T19:23:52.778+00:00Falta de cuidadoUma página de crítica aos deslizes e vícios do quotidiano. Sejam eles de ordem sintática ou semântica. Porque pensar é preciso.Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.comBlogger236125tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-42007136885659420972012-10-18T16:11:00.003+01:002012-10-18T16:11:55.970+01:00Ódio aos jornalistasÉ um facto: as pessoas adoram saber "as notícias", mas odeiam os jornalistas.Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-16168611814492760922012-08-31T16:26:00.000+01:002012-08-31T16:26:02.441+01:00Sobre números e pessoasA banalização dos discursos é, muitas das vezes, a sua principal inimiga. De tanto se dizer algo, de o repetir em qualquer circunstância, perde-se-lhe o rastro, esquece-se o que se pretendia significar no princípio. Quando se começou a enunciar esse algo, a intenção seria criar uma imagem forte para mais facilmente passar a mensagem. A metáfora, por exemplo, é uma figura de estilo que serve tal propósito na perfeição. Mas, tudo o que é de mais tem consequência nefastas. Uma das frases mais ouvidas, sempre que se pretende sublinhar o tom sombrio de determinada decisão ou política económica, é <b><i>"as pessoas não são números"</i></b>. Ouvi-mo-la amiúde, a cada vez que se anuncia uma qualquer aleivosia em que a vida de muita gente é tratada de forma fria e burocrática, denotando quem toma tais decisões aparente indiferença para com a vida dos que são afectados por tais medidas. "As pessoas não são números?". Certamente. Não o serão apenas, dizemos. Sê-lo-ão também, acrescenta-se. Reduzir a condição humana a uma só dimensão é um exercício grotesco, afinal. Mas convém reflectir sobre a relação das pessoas com esta grelha de análise da realidade que são os números ou, pelo menos, sobre a linguagem encontrada para descrever tal relação. As frases feitas dominam, cada vez mais, o discurso público. E isso assusta. Porque isso é a negação da reflexão. Os números terão o valor que a aritmética lhes dá. A interpretação sobre esse valor é que é, em si mesma, uma outra escala de valores. Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-594190659027298722012-08-30T15:12:00.001+01:002012-08-30T15:19:09.675+01:00Em construção permanenteEm construção permanente. Assim é a Democracia, assim são as sociedades mais justas, sempre prontas a questionarem-se e a redefinir os seus limites, os quais obrigam aos mais difíceis equilíbrios e, no fundo, lhe dão forma. Essa construção também pressupõe o estar sempre atento às tentativas de destruir o que resulta de anteriores conflitos e que, como tal, constitui um precioso legado moral e cultural. O serviço público de televisão e rádio é um desses casos, pelos quais não devemos vacilar, um momento que seja, em sua defesa. Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-86223302690347180362012-08-17T15:45:00.000+01:002012-08-17T15:45:45.015+01:00Interiores para quê?Numa esplêndida tarde de verão, poder escrever estas linhas numa esplanada abençoada pela sombra do arvoredo, junto à Marginal, em Paço d'Arcos, é um verdadeiro luxo. Sem muito calor, mas ainda assim sentindo o balsâmico ar estival, só nos podemos sentir inspirados. É nestas alturas que me vem à mente a dúvida sobre o porquê de nós, portugueses, não sabermos aproveitar o ar livre e, em geral, preferirmos encafuados espaços interiores. Se tantas vezes gabamos - e bem - o nosso "tempo" como um dos melhores da Europa, há que fazer nada mais do que aproveitá-lo. Tão simples como isso.Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-45904833734508071482012-08-09T14:42:00.000+01:002012-08-09T14:42:20.519+01:00DislikeCavaco Silva continua a utilizar a mais conhecida e hegemónica rede dita "social" para enviar recados políticos. Agora, foi uma boca enviada ao presidente do Banco Central Europeu. Será que ele não percebe que exerce o cargo de PR e, nem que seja por isso, não pode ser confundido com um adolescente?Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-6762398303202239952012-08-07T21:48:00.000+01:002012-08-07T21:48:21.406+01:00VerdadeSempre me pareceu que os portugueses tinham um problema com a realidade. Quando ela não se adequa ao que os seus sonhos de megalomania os fazem supor ser, tratam de delirar à rédea solta. Um país de fantasistas. Há quem aprecie o género.Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-38772563971449698852012-08-02T16:57:00.000+01:002012-08-02T16:57:43.885+01:00Porquê dizer mal?Há uns anos, um amigo comentava que neste blog apenas se dizia "mal". A imperfeição e a crítica fazem o mundo avançar, digo. Note-se que os mais brutais e injustos regimes sempre se tiveram em muito boa conta, olhando com desconfiança e tentando silenciar as vozes desafinadas. A harmonia consensual e a ausência de conflito são o grande orgulho dos medíocres.Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-31209941028735165762012-08-01T14:13:00.002+01:002012-08-01T14:13:53.620+01:00É por estas que sou cada vez mais preconceituosoJuro que estou com vontade de dar um tiro no próximo jornalista que, a propósito de nudez ou falta de roupa, se atreva a balbuciar a banalidade "<b><i>despido de preconceitos</i></b>"!Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-25528076101179804612012-07-26T17:29:00.001+01:002012-07-26T17:30:30.313+01:00Ver-se grego IIÉ claro que as atrás proferidas considerações estão longe de impedir o reconhecimento do imenso sofrimento que as medidas de austeridade estão a causar ao povo grego. Muita gente foi e será apanhada pela voragem da crise e das chamas resultantes da gasolina que sobre ela tem sido derramada. Lá, como cá, serão imensos os que, sem terem percebido porque foram convocados a pagar dolorosamente os dislates económico-financeiros cometidos por terceiros, se sentem traídos por um sistema em que acreditavam. E um dos problemas, lá como cá, reside precisamente nessa crença. É que o aparato político, formal e institucional que dá osso a uma democracia não pode ser deixado a funcionar em piloto automático, enquanto nos entretemos a consumir a crédito. Sem vigilância, sem questionar os que gerem a coisa pública - mas sempre a comprar mais e mais. Foi isso que fizeram a maior parte dos povos da Europa. Sobretudo os da sua extremidade meridional, que, sem terem a capacidade de produzir a riqueza necessária para pelo menos pagarem as despesas que iam contraindo, não se coibiram de pedirem emprestado. Como se não houvesse amanhã. Essa sensação de futuro arredado é precisamente a que muitos cidadãos hoje sentem. Os gregos podem parecer-nos meio desmiolados - e, em certa medida, são-no -, mas também os portugueses, apesar de aparentemente mais cordatos, embarcaram nessa loucura. No fundo, estamos todos a vermo-nos gregos. E uma parte substancial da culpa, embora não toda, é nossa.Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-47898501750200687952012-07-25T19:28:00.000+01:002012-07-25T19:28:08.213+01:00Ver-se gregoO primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, terá dito hoje, ou ontem, a fazer fé no reportado por alguns jornais, qualquer coisa como "<i>os alemães querem que nós falhemos ou então são estúpidos</i>". Para quem tem a corda ao pescoço, e está dependente precisamente dos humores daqueles que agora vitupera, não perece ser a atitude mais inteligente. Ou então, pensarão alguns, é apenas o preciso reflexo da impotência ante a intransigência teutónica. Estas declarações surgem precisamente no dia em que se ficou a saber que a atleta Paraskevi Papahristou já não vai representar a Grécia mos Jogos Olímpicos de Londres, a dois dias começarem, por comentários racistas sobre os africanos na sua conta do Tweeter. Suspeita-se de ligações da desportista helénica ao partido de extrema-direita neonazi Aurora Dourada, que tem ganho substancial popularidade e votos, nos últimos tempos, na sequência do agravar da enorme crise económica e social que afecta aquele país mediterrânico. Quem souber um pouco de história e faça a ligação entre os elementos rapidamente perceberá que o cenário montado no chamado "berço da civilização Ocidental" é pouco menos que assustador. Como muito bem têm referido as vozes mais acutilantes, a sociedade grega resulta de um longo, penoso e violento processo histórico, que mais tem de rosário de desgraças do que de construção. Situada na extremidade oriental do continente, a Grécia actual - e dos últimos séculos - pouco deve ao estatuto histórico e intelectual que os seus antepassados nos legaram. Ou seja, de ocidental retém o superficial e apenas alguns esparsos sintomas de comportamento e socialização, sobretudo pelo consumo e pelos modos. Mas é só aparência. Querer fazer-nos crer que "os gregos são como nós" e que "coitados, tal como a gente, estão a ser vítimas de um mal comum" aponta para a maior das patranhas. Temos muitos defeitos, como muitos povos, mas, por favor, não nos metam no mesmo barco.Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-31449769441016742122012-07-10T20:55:00.000+01:002012-07-10T20:55:20.980+01:00Calem-se!Ainda haverá espaço mental para mais ruído e assédio publicitário?Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-60410100198488023342012-06-19T13:26:00.000+01:002012-06-19T13:27:14.586+01:00A dormir com o poderOs jornais contam o sucesso da "operação Joana Vasconcellos" em Versailles (Paris), à qual se juntou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa. Já em Lima, capital do Peru, onde o primeiro-ministro Passos Coelho se deslocou em visita oficial, a ocasião foi assinalada com um concerto da fadista Carminho. Estes são nomes que, tantas vezes, surgem referidos como "jovens promessas da cultura portuguesa". Os políticos adoram vestir as roupas do "prestígio" trazido pelas gentes das artes. Sempre assim foi. O que incomoda é a facilidade com que os ditos artistas se deixam envolver por esse véu da normalização institucional. Talvez isso também digo algo sobre a sua suposta arte.Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-23912522569178646292012-05-07T15:07:00.002+01:002012-05-07T15:07:49.905+01:00A olhar para o macaco pretoÉ surpreendente esta justificação que, por vezes, me dão para não atender um telemóvel. "Só atendo os números identificados ou de pessoas que conheço". Quando apenas dispunham daqueles telefones antigos, sem visor, o que faziam? Permaneciam especados a olhar para o "macaco preto", a roer-se na angústia de tentar adivinhar quem poderia ser o responsável pelo desassossego?Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-3906081197869460152012-05-02T11:34:00.000+01:002012-05-02T11:39:08.610+01:00A barbárie em carrinho de comprasAs imagens de gente a acotovelar-se para aproveitar os descontos feitos pela cadeia de supermercados Pingo Doce, no dia 1 de Maio, dia do trabalhador, são das coisas mais deprimentes que nos foram dadas a ver, em tempos recentes. Mais que isso, elas acordam-nos para o país que somos. De uma assentada, destruiu-se parte significativa do significado simbólico do dia do trabalhador; mostrou-se a acefalia e alienação colectivas pelo consumo de massas; a falta de civismo das hordas e, no fundo, constituiu uma revelação para muita gente, dúvidas houvessem, sobre essa entidade mítica que é "o povo". Como muitos já notaram, eram imagens mais próprias de um país de terceiro mundo do que de uma nação integrada, há um quarto de século, na União Europeia.Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-90848655872954308252012-04-17T14:45:00.003+01:002012-04-17T14:45:50.261+01:00Nota solta II"Entre a <i>boutade</i> e a apreciação mais simplista e preconceituosa não dista mais que o nada que é o verniz do estilo da primeira"Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-65782561097884415042012-04-16T23:57:00.001+01:002012-04-16T23:57:17.099+01:00Ouvido algures"Só tenho medo é de ficar sem a carta, porque a multa ainda é como o outro. Eu o que tenho medo é dos carros à paisana na auto-estrada. Gostava de saber as matrículas deles".Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-67604766904241351112012-04-16T23:52:00.000+01:002012-04-16T23:52:01.171+01:00Nota solta, encontrada numa das últimas folhas de um bloco-de-notas"Todos nos achamos especiais, enclausurados no ser, incapazes de prescindir da nossa suposta especificidade. Assim nasce a incompreensão, a dificuldade no decifrar o código".Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-25661273093713521342012-03-07T18:44:00.002+00:002012-03-07T21:15:07.094+00:00Sobre a retórica mole e estereotipada no femininoEntre as muitas irrelevâncias que flutuam o oceano dos blogues, algumas conseguem ser persistentes ao ponto de acabarem por chamar a atenção. Como câmaras de eco de si mesmas e, no fundo, daquilo que vai passando pelas cabeças de quem as emite, ideias mais ou menos enquistadas no pensamento colectivo ganham espaço e visibilidade no seio de uma encarniçada luta de cacofonias discursivas e que têm a net por arena. Um dos sub-géneros mais comuns é o dos blogues "de gajas", i.e., páginas editadas por burguesinhas urbanas para as da sua espécie, nas quais se comenta aquilo que, supostamente, deverá interessar, apenas e sobretudo, a elas. Caucionando a sua existência através de um conteúdo que funde o mero apontamento pessoal, a dica a isto e aquilo, o conselho ajuizado e a futilidade mais grosseira com a agenda cultural urbana - servindo esta, sobretudo, para mascarar e evidenciar a vacuidade de grande parte do exercício -, estes blogues acabam por ser uma versão actualizada daquelas publicações femininas que proliferavam no início do século passado, nas quais se ensinava os "deveres de uma boa dona de casa". É claro que, hoje, a autodeterminação social e sexual dão à mulher um papel e uma dignidade antes impossível, mas não deixa de perturbar a forma entusiasta como um grande número delas faz fila para corresponderem a determinados estereótipos sociais. Na verdade, isto pode ser dito em relação a muita coisa e a muita gente. Mas acaba por espantar a profusão de blogues e outros fóruns onde, por exemplo, se associam os sapatos de salto alto a um conjunto de outras coisas tidas como essenciais ao demarcar do território feminino. Seja em estilo mais irreverente ou de consultório, eles lá estão entre os objectos fétiche da "mulher emancipada". Nada contra tal item da indumentária feminina. Mas não me consigo imaginar a ter disponibilidade mental para levar a sério um qualquer blogue que surgisse com uma suposta agenda do género "este é o lugar onde a política, as gravatas, o jazz e as lâminas de barbear têm lugar de destaque". Por favor.Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-20721689424793892972012-02-20T15:04:00.001+00:002012-02-20T15:04:48.113+00:00Palavras gastasEstão gastas. Exaustas. Velhas como os tempos. Mas o uso que os jornalistas delas fazem retira-lhes a vitalidade que, ainda assim, ostentam. As palavras levam pancada, é o seu destino, a sua função - pelo menos, uma delas. Não estão é preparadas para o (mau) tratamento a que são sujeitas no quotidiano cansado e desinspirado das televisões e das rádios, sobretudo. Chega a ser fascinante a forma persistente como os erros, a banalidade e os lugares comuns da língua portuguesa são usados e reutilizados. Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-78856704368989128682012-02-07T12:56:00.001+00:002012-02-07T12:56:58.512+00:00Hipótese de cartografia de um paísUma História de Portugal poderia bem ter como título História do Desperdício e das Oportunidades Perdidas. Pelo menos, desde há dois séculos, tem sido esse o programa.Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-51477191130563519912012-02-06T16:26:00.002+00:002012-02-06T16:26:29.926+00:00Truffaut, in memoriam<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj27ESqc0mPSltCeLOFrBO9ECp4pl9QOxhyphenhyphen6jchleRP5sGtjeGfozVU_N7TXuz83pFfEnDlsnJtiRYnI1J3kAtIgu0RKbJk7bvgEzwd4Y3yyF9Wh4chuWVMbRNUpJJUCefQKGs-aA/s1600/Duas-Inglesas-e-o-Continente.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="144" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj27ESqc0mPSltCeLOFrBO9ECp4pl9QOxhyphenhyphen6jchleRP5sGtjeGfozVU_N7TXuz83pFfEnDlsnJtiRYnI1J3kAtIgu0RKbJk7bvgEzwd4Y3yyF9Wh4chuWVMbRNUpJJUCefQKGs-aA/s320/Duas-Inglesas-e-o-Continente.jpg" width="320" /></a></div>
Se fosse vivo, <b>François Truffaut</b> faria hoje 80 anos. O cineasta francês, falecido em 1984, foi um dos inventores da Nouvelle Vague, não só através dos filmes que realizou - como <i>Os 400 Golpes</i> (1959), <i>Jules & Jim</i> (1962) ou <i>A Noite Americana (1973)</i> - como, ainda antes disso, também do seu trabalho como teorizador. Juntamente com André Bazin, em relação ao qual funcionou como uma figura filial e com quem forjou uma forte relação pessoal, intelectual e profissional, Truffaut esteve no centro da revolução que varreria do mapa as concepções do cinema como as conhecêramos até então e que teve na revista <i>Cahiers du Cinema</i> a sua plataforma. Nascia a crítica contemporânea de cinema, resultado último da evolução de uma consciência aguda de cinefilia. O francês conheceu uma ascensão a que, por facilidade de discurso, poderemos considerar meteórica e, em pouco tempo, conseguiu imprimir a sua marca, caracterizada por uma visão eminentemente sensorial e sensual da sétima arte. Divide opiniões, como é óbvio, mas conseguiu o pequeno milagre de operar a construção de uma apaixonada visão própria, feita sobre a reconstrução do material alheio. Olhando agora a sua resenha biográfica, não deixa de impressionar a maturidade com que, desde muito cedo, conseguiu esse feito. Aos 22 anos, escreveu uma crítica demolidora,"<i>Une Certaine Tendance du Cinéma Français"</i>, que viria a ficar célebre e abriria portas para o que aí vinha. É ao seu entusiasmo que podemos recorrer, uma e outra vez, para encontrar novas pistas e motivações, a partir do imenso continente cinematográfico. Com este, manteremos sempre um diálogo apaixonado e pleno de contradições. Como as personagens de <b><i>"As duas inglesas e o continente"</i> </b>(1971).Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-43917977389455213392012-02-02T15:52:00.000+00:002012-02-02T15:52:20.445+00:00RespirarMais uma greve dos transportes públicos. Mais conversa sobre a crise, os prejuízos desta e daquela empresa. Mais notícias sobre como a austeridade penaliza a grande maioria dos portugueses. Mais rumores de que ainda vêm aí mais medidas de aperto. Por vezes, sabe bem desligar disto tudo e rir com pequenas coisas do dia-a-dia.Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-63968129390016376132012-02-01T16:24:00.000+00:002012-02-01T16:24:40.814+00:00Tempos assustadores IIIAinda a propósito da anunciada revista Salazar, importa denunciar o mecanismo associado à provocação (demasiado evidente). Pensaram os autores da mesma, e com razão, que facilmente atrairiam a atenção. Conseguiram-no. Melhor que isso, sabiam que a bravata promocional dividiria de forma clara as pessoas entre as que condenariam o baptismo de forma incondicional e todos os outros - sejam eles salazaristas ou não, achem eles piada ao caso ou apenas indiferença. O que se pretende com este nome é fazer troça da indignação dos que se dão ao trabalho de a exprimir, criando uma armadilha que opera segundo o princípio elementar de que se alguém contesta o nome Salazar, então estará a demonstrar intolerância e a deixar cair a máscara, revelando um censor em potência - ao jeito, nem mais nem menos, de um agente do regime tutelado pela figura em causa. Esta forma de pensar releva da mais básica e simplista forma de olhar o mundo, recusando-se a pensar nos mecanismos e nas consequências associadas ao manuseamento de certas peças de linguagem, de certas palavras, de certas imagens. Um nojo, reitero.Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-76895147994976575572012-01-31T16:52:00.003+00:002012-01-31T17:18:08.471+00:00Tempos assustadores IITropecei, há pouco, com a notícia de que está para breve a publicação de uma revista de "Cultura, Artes e Ideias" denominada Salazar. Logo depois da incredulidade inicial, veio a incredulidade actual. "<span style="font-style: italic;">SALAZAR é um projecto cultural que contempla uma publicação digital, uma revista bimensal, workshops literários e artísticos, uma produtora de eventos culturais e uma editora de ficção. É uma ideia de pessoas jovens, qualificadas e com interesse fundamentado pelas artes e pelo país. Não pretende revolucionar ou provocar mas assume um carácter irónico e subversivo de análise e reflexão</span>", argumenta a <a href="http://www.salazar.com.pt/apresentaccedilatildeo.html">apresentação do projecto</a>.<br /><br />Mais à frente, diz: "<span style="font-style: italic;">Não acudimos ninguém, assumimos a perplexidade mas primamos, sobretudo, pela reflexão. A nossa curiosidade, aliada à nossa certeza de que é difícil ter certeza, afasta-nos da seriedade taxativa de quem tem causas a defender e bandeiras a empunhar. Preferimos desconfiar de quem não tem dúvida, e achamos que um pouco de cepticismo não faz mal a ninguém – e a nenhum projecto</span>."<br /><br />E, entre outras coisas, no fim da apresentação, acaba por explicar a razão do nome: <span style="font-style: italic;">"SALAZAR não tem resposta para tudo. Nem para quem pergunta por que se chama SALAZAR, porque a esse respeito ainda não chegamos a um consenso (existem, pelo menos, quatro versões). Podemos apenas garantir que nenhum dos colaboradores do projecto nutre simpatia por ideologias fascistas"</span>.<br /><br />Dá para acreditar? Se dúvidas existissem sobre a indigência mental e, pior, sobre a leviandade em que se banha o neófito projecto, bastaria esta última parte para as desfazer. Se isto não é brincar com o fogo. Então, lança-se uma publicação com um nome carregado de simbolismo, indubitavelmente associado a um período em que as liberdade individuais foram suprimidas, e diz-se que sobre a escolha desse nome "não existe consenso" entre os fundadores? Mas o que é isto? Nem um (mau) jornal escolar se arriscaria a cirandar de forma tão grotesca pela retórica mais elementar.<br />Como alguém já comentou a propósito do nome da revista, escolhe-se este porque é "giro", porque dá nas vistas. É o marketing mais rasteiro de que há memória. E perigoso. Mas é este género de estratégias que está na moda.<br />Se dúvidas houvessem sobre as intenções do projecto, os promotores da ideia - num assomo de chico-espertismo tão em voga - tratam de as alimentar. Veja-se o que propõem como material promocional, disponível no site, clicando em "<a href="http://www.salazar.com.pt/merchandising.html">merchandising</a>". Nada mais do que uma caricatura do ditador.<br />Um nojo.Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13936300.post-13178870954285719362012-01-31T16:08:00.009+00:002012-01-31T16:42:32.437+00:00Tempos assustadores INo dia que antecede a audiência de Pedro Rosa Mendes no Parlamento Europeu, a propósito da forma como foi dada como finda a sua colaboração com a RDP, na sequência de uma crónica em que ele criticava o regime angolano, um dado mais se junta à equação que tem como desfecho certo o amordaçar de Lisboa por Luanda. Como se temia, o jornal i foi comprado por captais angolanos, resgatando-o assim da difícil situação económica em que se encontrava. E, para começar a agradar ao dono logo no primeiro dia, os responsáveis pelo diário não encontraram nada de mais salutar do que publicar um artigo através do qual o governo daquele país africano assegura que <a href="http://www.ionline.pt/mundo/angola-garante-pedro-rosa-mendes-pediu-desculpa-ao-presidente-2002">"Pedro Rosa Mendes pediu desculpa ao presidente em 2002</a>". De nada serve o próprio Rosa Mendes negar, no mesmo artigo, que tenha pedido desculpa ao déspota José Eduardo dos Santos. Os piores receios concretizam-se.<br /><br /><span style="font-weight: bold;font-size:85%;" >Angola garante que Pedro Rosa Mendes pediu desculpa ao presidente em 2002</span><div style="font-style: italic;" class="panel-panel line"><div class="panel-panel unit panel-top lastUnit"><div class="panel-pane pane-page-title"><div class="pane-content"> </div> </div> <div class="panel-pane pane-custom pane-1 page-articledetail-author"> <div class="pane-content"><span style="font-size:85%;"> Por Ricardo Paz Barroso, publicado em 31 Jan 2012 - 03:10 | Actualizado há 13 horas 27 minutos.</span> <span style="font-size:85%;">Jornalista confirma ter ido ao palácio presidencial onde esteve “uma hora a olhar para um quadro”</span></div> </div> <div class="panel-pane pane-content-field pane-field-deck page-articledetail-entry"><div class="pane-content"><div class="field field-type-text field-field-deck"><div class="field-items"><div class="field-item odd"> </div> </div> </div> </div> </div> </div> </div>Samuel Alemãohttp://www.blogger.com/profile/12943698678780294591noreply@blogger.com0