quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

O tempo que passa

Ao proceder a umas pequenas arrumações em casa, imerso num mar de papéis, deparo-mo com recortes de jornais, revistas, folhetos, brochuras, folhas rabiscadas, fotocópias várias e mais jornais inteiros. Uff! Agora, ao meu lado, está um exemplar da revista Visão de 1 de Março de 2007. Prova insufismável de que o tempo passa a correr, os olhos recordam páginas, títulos, fotos e anúncios como se os tivesse visto apenas há coisa de umas semanas, vá lá, uns dois meses. Mas não. É de quase há um ano. Ainda me lembro bem de, no início da década, 2007 parecer um ano longínquo, algo a que chegaríamos, por certo, mas daqui a uma eternidade.
E se fizermos o mesmo exercício com evidências documentais mais remotas? Provavelmente, para não dizer com quase certeza, o choque será maior. Esse pasmo perante a irreversibilidade do tempo que passa, numa primeira fase, dá lugar, em sequência, a um estado de alma mais analítico, onde a tentativa de racionalização ocorre. E aí revela-se deveras curioso o resultado de uma observação ainda mais atenta do material em mãos. Pois, veja-se então de que falava esse exemplar do magazine de grande informação. Havia uma grande reportagem dos enviados especiais da revista a Moçambique sobre os efeitos devastadores das inundações; havia também uma análise à constestação das políticas levadas a cabo pelo então ministro da Saúde, Correia de Campos. Por último, e para não ser exaustivo, havia também uma tema de capa que falava do tráfico de mulheres em Portugal.
Notícias desta semana: O ministro da Saúde demitiu-se, ou foi demitido, por consequência do imparável descontentamento para com as suas políticas. As consequências de umas novas cheias em Moçambique só agora estão a ser apuradas, mas sabe-se que os prejuízos são imensos. As autoridades policiais levaram a cabo uma operação de grande aparato que culminou no desmantelamento de uma rede de prostituição, em Braga.
Há uma óbvia recorrência nos temas. Eles parecem até funcionar como contraponto à inexorabilidade da passagem do tempo. Ciclos que se completam, ciclos que se iniciam, portas que se abrem, outras que se fecham. Só nós mesmos é que envelhecemos. Nunca o tempo, ao contrário do que se pensa.

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