quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A raça da esmola

Num semáforo, na zona da Bairrada, para-se ao sinal vermelho. Homens envergando daqueles coletes florescentes que agora são obrigatórios usar em caso de avaria do automóvel, de acordo com o código da estrada, acercam-se dos automobilistas. Fazem um peditório para uma instituição de caridade vocacionada ao apoio de crianças deficientes - cenário miserabilista bem luso. Um deles interpela o condutor do nosso carro. "Não quer contribuir com qualquer coisinha para as crianças deficientes?", indaga. O interlocutor responde-lhe que, se fosse a responder a todos os pedidos com que se depara diariamente em Lisboa, não faria outra coisa. A referência à capital parece ter despertado um qualquer instinto no pedinte encartado. "Eh pá, mas isso são vocês lá em Lisboa que estão cheios de pretos, nós aqui no Norte somos brancos. Veja lá se dá qualquer coisinha para os brancos, para as criancinhas. Sei que o senhor tem bom coração". Sem resposta positiva às suas solicitações, e com o sinal verde, ainda consegue cravar um cigarro ao condutor. Arrancamos.

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