terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Afinal, era sexo o que faltava

Primeiro, Amália, depois, A Vida Privada de Salazar. Em pouco tempo, os portugueses passaram a ver retratado em ecrã, no maior no caso da fadista e no menor no que se refere ao ditador, o dito lado íntimo de duas das maiores figuras da vida nacional do século passado. Talvez mesmo as maiores e, mais importante, aquelas que acabam por definir, de formas distintas e com diferentes graus de aceitação, aquilo que são os portugueses. Não admira pois que, e apesar (e para além) da indesfarçável debilidade dos dois produtos em questão, o filme e a série televisisva da SIC se revelassem alvo da maior curiosidade dos nativos. E o que é que eles queriam ver de novo sobre as duas figuras? Intriga de alcova, sexo, "amores e desamores". Isso dar-lhes-á, pensarão os que ali conseguem encontrar méritos, a "humanidade" que o julgamento público das suas vidas públicas lhes havia roubado. Coitados. O que os portugueses queriam ver, afinal, é que os seus símbolos também tinham vida sexual - basta ver a promoção a ambas as produções para o perceber -, como se isso servisse para justificar o que quer que fosse. Pode ser mera impressão minha, mas fica no ar a ideia de, nelas, se sublimarem as frustrações e recalcamentos eróticos dos lusos e, de caminho, se branquear uma memória histórica. "Vêem, afinal ele também gostava de coiso e tal..." 

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