segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Truffaut, in memoriam

Se fosse vivo, François Truffaut faria hoje 80 anos. O cineasta francês, falecido em 1984, foi um dos inventores da Nouvelle Vague, não só através dos filmes que realizou - como Os 400 Golpes (1959), Jules & Jim (1962) ou A Noite Americana (1973) - como, ainda antes disso, também do seu trabalho como teorizador. Juntamente com André Bazin, em relação ao qual funcionou como uma figura filial e com quem forjou uma forte relação pessoal, intelectual e profissional, Truffaut esteve no centro da revolução que varreria do mapa as concepções do cinema como as conhecêramos até então e que teve na revista Cahiers du Cinema a sua plataforma. Nascia a crítica contemporânea de cinema, resultado último da evolução de uma consciência aguda de cinefilia. O francês conheceu uma ascensão a que, por facilidade de discurso, poderemos considerar meteórica e, em pouco tempo, conseguiu imprimir a sua marca, caracterizada por uma visão eminentemente sensorial e sensual da sétima arte. Divide opiniões, como é óbvio, mas conseguiu o pequeno milagre de operar a construção de uma apaixonada visão própria, feita sobre a reconstrução do material alheio. Olhando agora a sua resenha biográfica, não deixa de impressionar a maturidade com que, desde muito cedo, conseguiu esse feito. Aos 22 anos, escreveu uma crítica demolidora,"Une Certaine Tendance du Cinéma Français", que viria a ficar célebre e abriria portas para o que aí vinha. É ao seu entusiasmo que podemos recorrer, uma e outra vez, para encontrar novas pistas e motivações, a partir do imenso continente cinematográfico. Com este, manteremos sempre um diálogo apaixonado e pleno de contradições. Como as personagens de "As duas inglesas e o continente" (1971).

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