sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Do divino ao cretino

Os tempos andam de feição para as seitas e as crendices. Entrados no século XXI , deparamo-nos ainda com um recrudescimento do fervor religioso, do qual a polémica em torno das caricaturas de Maomé é prova dolorosa. Mau sinal e, sobretudo, mau presságio para os tempos vindouros. Ou, se calhar, prova da nossa ingenuidade, ao acreditarmos que a canga religiosa deixará, lenta mas irrevogavelmente, de fazer parte da nossa existência. Ao jornalismo, pelo menos, não se esperaria propensão, e queda, para o divino. Ao Ocidental , pelo menos, dizemos. Tal não sucede, porém. Volta e meia, sem que se perceba muito bem porquê, lá vem o famoso "milagre". Como, ainda há poucas horas sucedeu no Jornal da Tarde da RTP 1. Numa peça sobre um acidente numa passagem de nível, no Fundão, no qual um automobilista ficou gravemente ferido, disse-se que o mesmo "só não morreu, de acordo com fonte dos bombeiros, devido a milagre" (sic) ....Será que isto interessa? Se a referida fonte o tiver dito mesmo, para quê reproduzi-lo? Qual a relevância para a notícia? Ao jornalista cabe o papel de informar. O pior é que há muitos a fazer considerações, sem sequer citar ninguém, a atribuir isto ou aquilo a um "milagre", ou "quase". Atenção à semântica das palavras.

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