sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Excessos

Como se não houvesse nada de mais importante no mundo, os meios de comunicação social portugueses dão um destaque desmesurado à recandidatura do presidente do Benfica, o figurão Luís Filipe Vieira. A TSF abriu mesmo o seu noticiário da meia-noite com tal informação, reproduzindo, como todos os outros órgãos, as declarações do dirigente desportivo (?) na entrevista que deu a Judite de Sousa, no canal 1 da RTP. O vazio de ideias e a "eucaliptização" mental dos portugueses prosseguem a ritmo vigoroso. A estratégia consiste em repetir o que se acha que vai interessar ao maior número de pessoas, em detrimento de assuntos não tão digeríveis, digamos, como a política, questões sociais ou outros que possam abalar a ideologia da boa disposição e da trivialidade. À força de tanta relativização, os indivíduos vão-se habituando, deixando andar, dando tudo por adquirido, por normal. Está nas cartilhas da manipulação e da propaganda. Quando a irrelevância passa a notícia de destaque, acaba por se banalizar, ao ponto de ser encarada como algo aceitável, que faz parte do sistema de circulação e troca de ideias. Depois, será tarde de mais para questionar o relevo dado a essas coisas. O boçal infiltra-se na engrenagem como areia fina. Não acreditam? Pensem bem, se, há uns anos, seria admissível o destaque e o tratamento reverencial dados a uma figura sinistra como a do presidente benfiquista. Pois é, depois de admitirmos Valentins Loureiros e os dislates crescentes de Alberto João Jardim, Vieira até parece um homem sério.

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