sábado, 31 de dezembro de 2005

Preliminares da destruição de uma língua



Não queríamos deixar o ano de 2005 sem vos mostrar o exemplo por nós capturado, há alguns meses, e nunca aqui mostrado, de como as marcas e empresas multinacionais continuam a f**** a nossa língua a cada dia que passa. Calmamente, sem grandes agitações. Nada de espantar, se até as congéneres portuguesas fazem o mesmo. À beira do Reveillon, desejamos a todos um 2006 com melhor utilização da língua e dos contraceptivos disponíveis no mercado. Mesmo com instruções abastardadas. Prometemos um ano mais cheio de genica e actualizações menos espaçadas aqui no faltadecuidado.

domingo, 25 de dezembro de 2005

Bacalhau estragado

"As duas criasnas estavam sozinhos". O que é que vocês percebem disto? Tudo, muito provavelmente . Só não entenderão é como que se poderá escrever uma coisa destas em rodapé de um noticiário televisivo. A SIC conseguiu a proeza, em noite de Natal, quando no seu bloco informativo de horário nobre noticiava o incêndio que colheu a vida a duas crianças de um bairro social de Vila Nova de Gaia. Um belo presente no saptinho dos telespectadores.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Humor negro

Neste blogue, a língua portuguesa e a utilização que dela se faz constituem-se como os principais motivos, o seu corpo, no fundo, a sua razão de ser. Também é verdade que a asneira e a pura ignorância funcionam igualmente como combustível, a coisa que faz andar isto para a frente. Vezes há, no entanto, em que, à imagem do que sucede um pouco em outras áreas da comunicação humana, o interesse e a pertinência de determinada situação não estão relacionados com o quebrar de um código linguístico ou de outra índole. Talvez de uma prática, ou costume, convenhamos. É que, por estes dias, um talho localizado no bairro onde reside um dos escribas aqui da casa ostenta na porta um curioso cartaz-anúncio. Nele se apela à boa vontade de possíveis dadores de medula...Estão a ver a ironia, não estão? O talho...Bem, por uma questão de postura e timidez, não nos atrevemos a fotografar tal anúncio. Mas que é bizarro, lá isso é. Ironias da linguagem.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

O verdadeiro monstro

Em conversa solta entre amigos, comentávamos, há poucos dias, a forma como são feitas as piratarias de alguns DVDs e CDs e sobre as virtudes - e seus reversos - de optar pelo mercado paralelo. Centrando-nos sobre o caso do cinema, e do DVD, chegámos à conclusão que, de facto, muitas das cópias que por aí circulam de determinadas fitas são de meter os cabelos em pé. Para além da péssima qualidade de som e imagem que demonstram, algumas são traduzidas (?) e legendadas de forma que se pode considerar criminosa. Um dos escribas aduziu mesmo o exemplo recente de uma versão que vira da longa-metragem "Monster", realizada em 2003 por Patty Jenkins, e com a participação de Charlize Theron e Christina Ricci. A legendagem mostrava pérolas tão impressionantes como a troca sistemática do "há" de haver pela preposição "à", para além de um constante trocidar das regras gramaticais. Imaginem só a malta dos liceus, toda contente por não ter de fazer exame nacional de português - inacreditável decisão deste Governo - a ler estas "traduções" na televisão de um qualquer quarto de um colega, em dia de gazeta. Devem aprender a valer.