domingo, 27 de novembro de 2005

Mim não sêle chinês, mim sêle português

É certo que erros ortográficos não existem nesta folha. De gramática, de sintaxe mais concretamente, serão eles. Bom, mas bem vistas as coisas, tomara muitos nacionais escreverem tão grande quantidade de palavras na língua de Camões sem se estatelarem ao comprido.

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Triste português

No momento em que o Governo anuncia o tão propalado Plano Tecnológico, antes apelidado de Choque Tecnológico, seria bom reflectirmos um pouco sobre a qualidade do sistema de ensino nacional. O analfabetismo grassa, e não é com jovens a escreverem assim que vamos a lado algum. O país não é competitivo. Porque será? Mas que grande falta de cuidado, bolas!

terça-feira, 22 de novembro de 2005

Overdose

Carambra, que já parece embirração! Mas não é. O problema é mesmo dos senhores que fazem o sítio da TSF na net. Sobre os antibióticos, dizem eles: "Portugueses consumem demais e mal"..."Consumem"!? Que é demais, e mal, sabemos nós. Agora falta saber o que consomem exactamente. Ai, os jornalistas, esses malandros!

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Trevo de cinco folhas


Aqui se volta a falar da metodologia adoptada por alguns órgãos de comunicação social no que à transposição de toponíminas estrangeiras diz respeito. O nacionalismo desbragado voltou a estar na moda, tal como as procissões em honra daquela que eles dizem ser a "senhora" deles, sabemo-lo bem. Os reflexos desta revanche nacional-patrioteira fazem-se sentir um pouco por toda a parte, desde o discurso político até a um apelo ao consumo de produtos "100% made in Portugal" - devem ser loucos ao querer fazer das prateleiras das nossas lojas algo parecido com o que se via nos estabelecimentos cooperativos dos sovietes: ou era de fraca qualidade ou não havia. De há uns tempos para cá, nota-se a tendência para "aportuguesar" tudo. Lyon passou a ser Lião (!!!), Glasgow é Glásgua (Brrlg!) e Frankfurt é Francforte (cof cof!!). É claro que o DN, campeão crónico da ideologia lusa, fá-lo alegremente, como o atesta esta recente pérola de tradução. A tradicional e simpática Baile Atha Cliath, cidade capital da República da Irlanda, mais conhecida por Dublin em todo o mundo, passou a ser Dublim. Não sei se já se aperceberam, mas Dublin e Dublim lêem-se de forma distinta, têm fonéticas diferentes. Berlim é, há muito, a tradução de Berlin. Agora, a cidade irlandesa sempre foi traduzida deixando-a estar como está. Porquê mudar?

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Obsessão errónea


O Professor Cavaco foi ontem contar das suas à tia Constância, na TVI, em mais um capítulo da série de entrevistas aos candidatos presidenciais. Durante a sessão de perguntas e respostas, à semelhança do que acontece em muitas entrevistas políticas na TV, eram "afixadas" em rodapé citações de partes de frases do entrevistado. As coisas mais importantes, supõe-se. Numa delas lia-se "Cavaco diz que adversários estão obsecados consigo". Ora, até pode ser que os demais contendores padeçam dos mais variados e agudos males, nunca poderão é estar "obsecados". Talvez, fruto de um estado de obsessão, estejam obcecados. Apesar do étimo, estas são palavras da mesma família que se escrevem de forma diferente. Traiçoeira, hã?

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

? Quieres beber un té?


Estava, ainda há pouco, o Jornal da Tarde da RTP1 a ir lindamente em direcção ao fim, surpreendentemente sem o habitual número de problemas técnicos e atrapalhações no alinhamento do noticiário a que nos acostumaram, e o pivot lá nos fez o favor de dar um ar de sua graça. A propósito da estreia no Porto da peça teatral "Tio Vânia", um clássico escrito pelo dramaturgo russo Anton Tchekov, fez-se um apontamento de reportagem nos ensaios. Ao lançar o trabalho, o jornalista que apresentava o serviço noticioso - de quem, falha nossa, não recordamos o nome - disse que se tratava de uma obra de "Anton"....(hesitação, olho no papel)..."TÉch"...(nova tentativa) ..."Téchekov"... Óchekov, ? quieres beber um ?

quarta-feira, 9 de novembro de 2005

Bola tirada de cabeça in extremis da zona perigosa

Das duas, uma: ou o nosso post anterior teve algum efeito, ou as pessoas da TSF responsáveis pela redacção de notícias no sítio tiveram um rebate de consciência. De qualquer forma, o efeito foi o mesmo. O erro da redundância foi corrigido. "Sporting ganha após quatro jogos sem vencer" é agora o título da peça jornalística à disposição dos cibernautas no arquivo da TSF. Falta de Cuidado levanta o chapéu à atitude, sempre louvável nestes dias de meias-tintas, gralhas de comportamento e moralidade esborratada.

sábado, 5 de novembro de 2005

A dobradinha evitável


"Sporting vence após quatro jogos sem vencer", diz o sítio da TSF. É sempre bom não haver equívocos, especialmente em jornalismo. Mas, convenhamos, seria necessário escrever duas vezes o mesmo verbo numa frase tão curta? A redundância é uma figura de estilo que deve ser utilizada com parcimónia, meus amigos.

Onde fica a cimeira?


A forma como traduzimos determinadas palavras para a língua nativa também diz muito sobre o que somos e a percepção que retemos do mundo em redor. Já disso demos aqui nota num post. No limite, tal análise serve inclusive para aquilatarmos da relação que mantemos com o idioma em que nos expressamos no lar. Veja-se o caso do país vizinho, em que persiste uma tendência para tudo espanholizar, desde o simples léxico técnico do dia-a-dia, até aos nomes próprios. Situação só por si devedora de um debate, que ficará para outra ocasião. Mais urgente se revela a análise de determinados episódios como aquele que a RTP 1 nos ofereceu ontem à noite, no Telejornal. Já na parte final do serviço informativo, o sempre gongórico pivot José Rodrigues dos Santos interrompe o alinhamento para nos mostrar um directo da Argentina. Nas ruas da cidade de Mar de la Plata, onde por estes dias se realiza a "cimeira das Américas", manifestantes ditos "anti-globalização" ofereciam o rotineiro espectáculo de agitação anti-Bush. No ecrã, retransmitindo imagens da televisão argentina, podia ler-se em rodapé a explicação sumária do que sucedia e a frase "IMAGENES DE LA CUMBRE", naturalmente em castelhano, língua oficial da Argentina. O que significa "imagens da cimeira". O que faz Rodrigues dos Santos? Na sua habitual ânsia de emoção, relata, sôfrego, o que todos podemos ver, acrescentando: "São imagens que estão a ser transmitidas de Mar de la Plata, do bairro da Cumbre, onde se realiza a cimeira"...Estão a ver a coisa? Pois...É que ele até o disse duas vezes. É professor universitário de jornalismo? É, sim senhor. Até dá vontade de piscar o olho, fazer sorriso malandro, e dizer: nós voltamos amanhã!

quarta-feira, 2 de novembro de 2005

Palavras para quê?


Meus amigos, sabemos que é chato malhar na imprensa de referência, mas tem mesmo que ser. Aos tabolóides não ligamos cavaco... - bem, esta expressão não será a mais feliz, por estes dias, não vão por aí pensar que andamos metidos em campanhas politiqueiras. Dizíamos nós que aos tablóides não prestamos a mínima atenção, tal constituindo-se numa enorme, e previsível, perda de tempo. Serem maus está no seu código genético. Mas aos jornais que lemos, como o PÚBLICO, não admitimos coisas como esta aqui mostrada. Leiam a frase que inicia o parágrafo...Perceberam alguma coisa? Nós também não.

Temporariamente errados

O Banco Espírito Santo (BES) tem um serviço chamado BES Directo, através do qual os clientes podem realizar uma série de operações sem necessidade de interagirem com um zeloso funcionário da instituição. A coisa pode ser efectuada através da net ou de uns dispositivos estilo caixa Multibanco colocados em alguns balcões da instituição. Há dias, um amigo nosso deparou-se com um deste ecrãs avisando "serviço temporáriamente indisponível". Ora, é sabido que os executivos do BES andam bastante ocupados, por estes dias, a dar uso a trituradores de papel. Excusavam é de ter destruído um exemplar da Gramática Portuguesa, onde certamente se refere que os advérbios de modo nunca são acentuados. A foto que aqui se queria reproduzir para mostrar a proeza foi-nos enviada via MMS, com a qualidade da mesma a reflectir as limitações do aparelho com que a imagem foi captada. Tanto que deu erro, não tendo sido possível fazer o carregamento da fotografia. Mesmo assim, dá para "ver" que se trata de uma enorme falta de cuidado.

Ó Sô tôr!


Os acentos circunflexos, por vezes, causam alguma confusão na língua portuguesa. Veja-se o caso de Ponte de Sôr, município do Alto Alentejo, terra do saudoso clube Eléctrico, que agora milita pelas divisões inferiores do futebol nacional. O PÚBLICO enganou-se quando puxou para título, a semana passada, a vila situada no distrito de Portalegre. Uma falta de cuidado.