segunda-feira, 26 de maio de 2008

Geleya

É caso para dizer: tanto barulho para nada. Iniciada mais uma edição da Feira do Livro de Lisboa, a visita aos tão falados novos pavilhões (da discórdia) do grupo editorial Leya aguçava um certo sentido voyeurista. Era necessário lá ir, após tanto falatório em redor da aparente intransigência dos administradores do Golias livreiro, pensámos.
Afinal, percebe-se que as farpas lançadas, os recuos e amuos por causa dos pavilhões parecerão ridículos aos olhos de muita gente sensata. Menos a estas mentes brilhantes do mundo editorial. São diferentes, de facto. Mais confortáveis para o consumidor de livros, sem dúvida, o qual passa a poder circular dentro dos espaços antes vedados, como ainda sucede nos restantes pavilhões. A coisa vai pegar? Provavelmente.
A questão essencial, porém, reside na forma como o assunto foi posto na agenda. À bruta, como gostam os yuppies, que adoram fazer figura de negociantes implacáveis. Fizeram uma chinfrineira absurda, como se fosse impossível discutir o modelo das feiras do livro num tempo que não este. Tinha que ser agora. Tudo ou nada. E, para isso, contaram com o apoio de alguns lídimos fazedores de opinião. Como Vasco Pulido Valente, que reduziu a coisa a uma heróica iniciativa privada - pela qual joga nada mais nada menos do que os ás de trunfos chamado "liberdade" -, contra uma maquiavélica coligação de pseudo-esquerdistas, a jogarem equipados à "igualitários".
Portanto, para ele, o problema resumia-se a um conjunto de amantes da Liberdade impedidos de exercer os seus direitos de livre iniciativa por uns desgraçados - apesar de legítimos - representantes do sector livreiro, no caso a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) . Não lhe ocorreu, por exemplo, que a APEL organiza há mais de sete décadas uma feira, da qual os editores têm o direito de não participar. Não, a novel União dos Editores de Portugal (UEP) tinha de impor a sua diferença. Um verdadeiro liberal, pensa ele.
Uma retórica cheia de geLeya.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Ao Torcato

Qualquer tentativa de escrever de forma virtuosa sobre ele soará menor, talvez grotesca. Ao Torcato Sepúlveda (1951-2008), que ontem faleceu, só posso agradecer tudo o que me deu. Como profissional, como amigo. Temo parecer excessivo - coisa que ele mesmo nunca sentiria -, mas olho-o como um pai que partiu. Inteligente e visceral, terno e crítico. Um Homem.