terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Guardiões do erotismo

Primeiro, a sátira ao Magalhães, em Torres Vedras. Agora, o livro apreendido, em Braga. O entrudo está a revelar um lado nobre e sensual nas nossas autoridades, que, ao mínimo sinal de carne feminina desnudada, investem forte e feio. A prova provada de que os bons costumes são para manter. Queriam a líbido acirrada de borla, não? Polícia e Ministério Público não vão nessa. Desconfiamos até que, muito possivelmente, as suas intenções serão as melhores. Toda a gente sabe, faz parte da natureza do erotismo, que é bem mais tentador o que se esconde do que aquilo que se mostra de forma escancarada. Cientes disso, os responsáveis pela ordem pública trataram de repor os níveis mínimos de sugestão erótica.  Foram é mal interpretados.

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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Allô!?

Isto de ser director de um grande jornal tem que se lhe diga. Olhem, que o ateste Henrique Monteiro, chefe-mor do Expresso. Num debate televisivo sobre a actualidade política ontem realizado, a dada altura, quando se comentavam as relações dos titulares de cargos públicos com a imprensa, confessou que não lhe causava qualquer espécie de atrapalhação que telefonassem para a redacção a pressionar o sentido do seu trabalho. Tais intentos passam-lhe ao lado, garante, pois é um profissional correcto que trabalha num jornal incapaz de se deixar influenciar. Tal, argumenta, faz parte da realidade quotidiana de um jornalista, pelo que este não se deve deixar incomodar ou enfadar. Nem sequer é notícia, diz. Seja quem for que esteja do outro lado da linha. Visão curiosa esta. Então e se Sócrates ou Cavaco decidirem dar uma chamadinha rápida para o semanário do senhor Balsemão a sugerir que não deveriam pegar em certa matéria? Isso não é notícia? Será que Henrique Monteiro já ouviu falar de condicionamento ao trabalho de jornalistas que estão vinculados a pequenos órgãos de comunicação social, espalhados por esse país fora, sem outras fontes de rendimento significativas que não a publicidade paga pela autarquia? 

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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A crise amorosa

O amor é perigoso. O amor ao dinheiro não lhe fica atrás. Ainda mais agora, que a falta dele toca a todos. A uns de forma mais sentida que a outros, note-se. Prova-o esta notícia chegada da China.

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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Afinal, era sexo o que faltava

Primeiro, Amália, depois, A Vida Privada de Salazar. Em pouco tempo, os portugueses passaram a ver retratado em ecrã, no maior no caso da fadista e no menor no que se refere ao ditador, o dito lado íntimo de duas das maiores figuras da vida nacional do século passado. Talvez mesmo as maiores e, mais importante, aquelas que acabam por definir, de formas distintas e com diferentes graus de aceitação, aquilo que são os portugueses. Não admira pois que, e apesar (e para além) da indesfarçável debilidade dos dois produtos em questão, o filme e a série televisisva da SIC se revelassem alvo da maior curiosidade dos nativos. E o que é que eles queriam ver de novo sobre as duas figuras? Intriga de alcova, sexo, "amores e desamores". Isso dar-lhes-á, pensarão os que ali conseguem encontrar méritos, a "humanidade" que o julgamento público das suas vidas públicas lhes havia roubado. Coitados. O que os portugueses queriam ver, afinal, é que os seus símbolos também tinham vida sexual - basta ver a promoção a ambas as produções para o perceber -, como se isso servisse para justificar o que quer que fosse. Pode ser mera impressão minha, mas fica no ar a ideia de, nelas, se sublimarem as frustrações e recalcamentos eróticos dos lusos e, de caminho, se branquear uma memória histórica. "Vêem, afinal ele também gostava de coiso e tal..." 

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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O custo de vida (ou a disparidade cambial)

Os jornais informam que "Israel poderá libertar antes da eleições de amanhã um milhar de prisioneiros palestinianos em troca da libertação pelo Hamas do soldado Gilad Shalit, capturado em 2006 (...)". Alguém tem por aí uma tabela de câmbio de vidas humanas?

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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Pela janela do pensamento

Às vezes, certas ideias, certas estórias, parecem melhores, mais auspiciosas, quando contadas pela voz de outros. 

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Frio, muito frio

A neve, muito branca, muito fria, tem gelado quase tudo. Mas se as pessoas, em geral, conseguem proteger-se desta invernia alva, o mesmo não sucede com os telejornais das televisões portuguesas. Ah, a neve!, pasmam eles, quais crianças grandes de microfone em punho e em directo. E o branco vai ganhando espaço, camada sobre camada, ocultando os contornos do quotidiano. Branco, branco...

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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Para onde foi o dinheiro? (capitalismo popular)



Eu não sei.
Tu não sabes.


Ele não sabe. Ela também não.


Nós muito menos.
 

Vocês idem aspas.



Eles sabem!!!

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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

É psicológico

Certamente já terão ouvido dizer, sempre que o tema é a crise, que a mesma "é uma coisa muito psicológica". E que o seu agravamento se deve em grande medida  a essa área da presença humana. A ideia de tal comentário anda sempre à volta de uma tentativa não assumida de desvalorizar a crise, como se, na realidade, as coisas não fossem assim tão graves e que o tão temido "pessimismo" é que estaria a contribuir para se falar no arrefecer do motor económico. Sim, claro, pois. Podemos dizer que ser despedido, dispensado de "colaboração", ficar sem salário ou, quando muito, ir para o subsídio de desemprego também são estados "psicológicos". Ah isso é que podemos. Ninguém duvida de que são causadores dos mais intensos estados emotivos. Pena é que, quando se assiste a uma subida, a uma retoma - e ao regresso dos mais descabelados exercícios de utopia financeira -,  ninguém se lembre da psicologia. Ajudaria a explicar muito do que agora se passa.

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