domingo, 29 de março de 2009

Remate ao lado

Perante a eminência do afastamento da selecção no acesso a uma vaga no Mundial 2010 na África do Sul - e apesar do incómodo que isso possa causa para todos quanto gostam do jogo, como eu -, não deixa de dar algum gozo ver toda aquela soberba que, nos últimos anos, cavalgou na paranóia futebolística nacional a esfumar-se. Afinal, somos aquilo que sempre fomos. Custa tanto ser normal.

Etiquetas:

sexta-feira, 27 de março de 2009

Hormonas descontroladas na linha azul

Duas ainda-adolescentes, estilo urbano punk-H&M, em conversa, numa carruagem do metro, linha azul, sobre Benicio Del Toro:
-Ele é mesmo giro!
-É sexy...
-Achas? Ele 'tá bué velho.
-Sim, mas tem um ar sexy, sabes, daqueles que até bate na mulher e tudo.
-Mas o gajo é giro. 

Etiquetas:

quarta-feira, 25 de março de 2009

O desaparecimento das crianças

Num ápice, como sempre acontece com os mais irritantes vícios de linguagem, todos os jornalistas, com mais incidência nos que trabalham para a TV, passaram a designar as crianças de "meninos". O menino isto, a menina aquilo, sabe-se que a menina desapareceu em tal sítio ou que o menino terá sido abusado por fulano. Já não existem crianças?

Etiquetas:

terça-feira, 24 de março de 2009

Evolução?

No "ano Darwin", fala-se, como nunca, e como seria de esperar, das imensas portas abertas pela compreensão do mecanismo basilar da grande roda da vida. Em frente, sempre, disse Darwin. Ao ver aqueles indivíduos com um auricular dito "bluetooth" ridiculamente pendurado numa das orelhas, em gestos largos ou falando no vazio com um interlocutor que podemos apenas imaginar, como é corrente por aí observar-se, é justo interrogar: andámos séculos a evoluir para isto?

Etiquetas:

sexta-feira, 20 de março de 2009

Onde está o monstro

O monstro foi condenado, rejubila a população. Matem o monstro, gritam alguns. O monstro afinal existe, admiram-se muitos. Cuidado com ele. Teve o que merecia, porque era e é um monstro. Apesar de se movimentar num corpo humano. Afinal, quem lhe terá outorgado tal direito, usurpando da graciosidade quase absoluta tão cândida criatura? Todos sabemos que na sua longa caminhada para a perfeição, o Homem sempre foi vítima da perfídia mascarada. 

Etiquetas: , ,

sexta-feira, 13 de março de 2009

O manual

Princípio de tarde soalheiro. Junto ao caixote do lixo, sob o pavimento, uma pilha de pequenos livros de páginas amareladas. No topo dela, em capa azul escura e neutrais letras brancas ocupando o centro da mancha, um título jaz em disponibilidade tépida para ser lido. "Manual do Inferno". Será? Ou antes "Manual do Interno"? O olhar não obriga a cabeça a virar-se e a desfazer a dúvida. Uma e a mesma coisa, afinal, pensei.

Etiquetas:

quinta-feira, 12 de março de 2009

Ao Mesquita

No espaço de menos que um ano, os dois maiores faróis da minha recente vida como jornalista apagaram. Foram-se. Mas, mais do que isso, eram meus amigos. Mesmo. Ainda ontem, ao final da noite, trocava mensagens de telemóvel com o João Mesquita. Ligaram-me hoje de manhã a dizer que partira. Companheiro fraterno, pai improvável para um grupo imenso de jornalistas mais novos que ele, o João Mesquita vai fazer imensa falta. Pelo seu humanismo, pelo seu sentido de classe e de companheirismo, pelo humor, pelo convívio à volta de uma mesa, pelas longas horas de boémia, pela Liberdade, a sua verdadeira causa. Sei que está lá, algures onde os homens e as mulheres justos se reúnem, em companhia do Torcato Sepúlveda. Nunca vos esquecerei, amigos.

Etiquetas: ,

quarta-feira, 11 de março de 2009

O vazio digital

yhtjhthfrtwerhje4iot
; )       MSN                 Oi, tudo bem?

   4456aertgt56  Twitter     : ))    Que giro           : (

  Hi 5      Bué querido                     Facebook   

Linkedin
ergfdhggfh    O que é que comeste hoje?
A sério? : /

Etiquetas:

sexta-feira, 6 de março de 2009

Dilema em desagregação

Causa alguma desorientação. Não seria muito fácil de entender o dilema em que vivíamos, até aqui, nas sociedades ocidentais e que agora ameaçam ruir, tal como as entendemos: consumimos o que podemos; podemos porque consumimos ou, simplesmente, consumimos porque podemos?

Etiquetas: ,